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Cartas do dia 28.03.2007

Ao colunista Felipe Atxa

Parabéns pelos seus excelentes artigos. Gostaria de saber mais informações a seu respeito. Estudo cinema e pretendo me dedicar à direção. Gostaria de ajudar o Mídia sem Máscara, da forma como eu pudesse.

Um abraço a todos e parabéns pelo trabalho.


Matheus Cajaíba da Silva


Olá Matheus

Obrigado por seu contato. Sou estudioso de cinema e do cinema brasileiro em particular. Se você pretende, de fato, dedicar-se ao trabalho em cinema no Brasil, alerto a você que irá lidar com o mais resistente segmento esquerdista existente em nosso país, capaz de sobreviver a qualquer crise e a qualquer governo. Você pode ajudar o MSM divulgando nosso conteúdo entre seus amigos e conhecidos. Espero mais mensagens suas.

Um abraço do Felipe Atxa.
 
 
 
 
Filmes e Felipe Atxa

Prezado Felipe Atxa,

Há poucos dias ouvi na CBN, a tarde, um crítico abordar aspectos da premiação Oscar... Num certo momento surgiu a questão que é alvo do seu esclarecimento... Não nos surpreende, então, que de tão ruins os filmes nacionais não logrem o êxito esperado em premiações do nível Oscar. Aliás, penso se para esse grupo de 200 pessoas que mamam nas tetas há 40 anos, isso faz diferença. Contudo, em minha primeira leitura não percebi a abordagem sobre o que faz um filme bom ou ruim; não percebi a abordagem dos fenômenos cinematógraficos de bilheteria (afinal, o que teve excelente bilheteria é bom ou ruim? Para quem é bom ou ruim? Um filme pode ser bom e não prestigiado por quem não alcançou ou percebeu a ideologia do diretor? Ou filme pode ser ruim em todos os aspectos, e, de repente, ser aclamado ou percebido como fenômeno de bilheteria? Se isso ocorrer fará daquele filme uma produção boa? O investimento será justificado?). Há pouco meses ouvi no Roda Viva (tv cultura) a entrevista daquele senhor que dirigiu a metal leve e tem uma biblioteca de quase 50 mil exemplares, todos de excelente e comprovada qualidade. Aquele senhor doou a biblioteca da USP, 18 mil exemplares (que riqueza!). Como se sabe, ele é uma autoridade no que pretendeu fazer e faz. Fizeram a pergunta sobre o fenômeno Paulo Coelho, ele disse: Paulo Coelho está para literatura, assim como Edir Macêdo para religião. Os presentes sorriram... Embora incrivelmente bem vendido, o Coelho não é exatamente uma contribuição literária para aquele senhor, que perto do Coelho, é um Golias. Depois, li que o cinema argentino, americano, brasileiro... estão a frente do francês; é isso mesmo? Você pode me dar referência da posição do cinema françes? No mais, sou pessimista quanto ao cessar dessa mamata; se alguém tem algo a dizer e mostrar, deve justificar o investimento, isso é básico. Que cultura é essa? Não basta fazer; é preciso fazer com qualidade. Comparemos o que produzimos com o que se produz nos melhores países; usemos os critérios técnicos, não ideológicos e políticos.

Se você responder ficarei grato.

 Abraços.


Stéfano Inácio Vieira


Olá Stephano

De fato, você levanta muitas questões pertinentes e seria necessário um longo espaço para desenvolvê-las uma a uma. De toda maneira, vou tentar resumir qual seria a forma intelectualmente mais honesta de se abordar um filme.

Em primeiro lugar, é preciso que o filme seja analisado "como filme", ou seja: quando alguém analisa um livro, não o faz utilizando critérios audiovisuais, por exemplo. Os critérios têm de ser literários. Assim sendo, para saber se um filme é bom ou não, é prioritário observar seus componentes especificamente cinematográficos, que poderíamos assim resumir: o que o filme mostra? como a câmera mostra? por que a câmera mostra aquilo que ela mostra? A partir daí, você pode se deter no roteiro, nas atuações, na fotografia, na montagem e no ritmo etc.

Um filme ser "bom" ou não é algo, obviamente, que depende do tipo de análise que se faz, de forma objetiva ou subjetiva etc. Há filmes que podem parecer ruins, mas que representam resultados muito legítimos de alguma operação comercial como qualquer outra: alguém gastou para produzir, outros vão gastar para consumir, e é natural que seja assim, é o que mantém a economia como um todo funcionando. O que coloca em dúvida essa legitimidade é uma intervenção totalmente alheia ao processo: por exemplo, quando o Estado determina que filmes serão ou não produzidos, ou pior, quais serão assistidos ou não. é um pouco o que acontece em nosso país.

Se pudesse sugerir uma postura honesta em relação a qualquer filme, diria o seguinte: não há filmes bons ou maus a priori. Por exemplo: os filmes de Alfred Hitchcock, em seu tempo, eram considerados meras peças de entretenimento. Mas o tempo tratou d elhes fazer justiça, e hoje são considerados verdadeiras obras de arte popular. Julgar os filmes porque parecem comerciais ou tolos demais em sua época de lançamento é algo parecido com o que a Escola de Frankfurt sempre pregou: que toda arte industrial é má em si mesma. Isso não passa de elitismo esquerdista barato. A história do cinema está cheia de obras-primas que fracassaram nas bilheterias, e de porcarias que fizeram muito sucesso. Mas também há grandes filmes que fazem muito sucesso e filmes ruins que ninguém quer ver de jeito nenhum. Nada tira do cinema, contudo, o que tem de mais fascinante: é para todos e para cada um ao mesmo tempo. Cada experiência cinematográfica diante de um filme é única: não abra mão do que você sente em relação a um filme simplesmente porque algum crítico espertalhão falou que o filme era ruim (porque ele certamente também já elogiou filmes piores).

Sobre o Paulo Coelho, penso algo semelhante: pessoalmente, não gosto de seus livros, mas acho legítimo que as pessoas os comprem e os leiam. Para mim, repito, tudo é legítimo até que uma força estranha ao fenômeno cultural (o Estado) intervenha, distorcendo as coisas e criando uma falsa idéia de legitimidade cultural. O que o Paulo Coelho fala em sua vida pública são outros quinhentos (e diga-se de passagem, ele só fala besteira).

Sobre a comparação do cinema francês com os outros, ela é absurda: o cinema francês é tão importante e tão diverso quanto o norte-americano. Infelizmente, o cinema francês paga o pecado de ser o cinema considerado contraponto a Hollywood. Assim, todo cineasta medíocre de terceiro mundo imita o cinema francês, e as pessoas acabam achando que todo filme francês é chato, mal - feito etc. A produção lá é diversificada, há bons e maus filmes como em todo lugar, e a intervenção estatal, embora muito forte como em tudo q existe por lá, é absurdamente criteriosa quando comparada à existente no Brasil, por exemplo. O cinema argentino é um cinema em ascenção de 10 anos pra cá, é um belo cinema, sim, mas seu auge é recente, pode acabar. O brasileiro é um cinema de papelão: se chover, desmancha e ninguém sabe aonde foi parar.

Eu recomendo, se você me permite, que você assista a qualquer filme da mesma forma que pede um prato num restaurante: se você pede feijoada, não pode reclamar que veio muito escura e com pouco queijo, entende? Ao escolher um filme para ver, repare no que ele está se propondo: se vai ver uma comédia boba, não espere profundas discussões filosóficas ou políticas. Cobre do filme apenas que faça você rir. Se o filme tem pretensões de registro histórico, por outro lado, como "Syriana", exija dele honestidade intelectual e critério (o que Syriana, aliás, está longe de ter). E, se vir um filme francês, saiba de antemão que ele será mais lento e dialogado que um filme norte-americano. Assim, poderá encontrar beleza em qualquer filme, porque, inclusive, bonito mesmo é o cinema "como idéia": os filmes são um meio de se chegar até isso.

Um abraço do Felipe Atxa.
 
 
 
 
Em defesa de Marta Suplicy

Justíssima a escolha de Marta Suplicy para o Ministério do Turismo. Afinal no país do turismo sexual nada melhor do que uma sexóloga para Ministra do Turismo!


Pedro A. Souza


 
 
 
 
Sobre Bolsa Bad Boy

Prezado Professor Ubiratan,

Tenho lido com muito interesse seus artigos no Mídia Sem Máscara. O de hoje, sobre a "Bolsa Bad Boy", está irretocável! Moro fora do Brasil há pouco mais de dois anos e, infelizmente, não tenho planos de voltar tão cedo. O cenário é muito desanimador para que sequer pense em fazê-lo.

Queira Deus que até 2010 ainda sobre alguma coisa pra ser consertada.

Atenciosamente,


Mariana Moreira - Bruxelas

 


 
 
 
Terrorista italiano

Que tal um artigo sobre a proteção da mídia e dos intelectuais brasileiros sobre a extradição do terrorista e assassino italiado, chamado Batisti?


Elisur Bueno Velloso


 
 
 
 
Falta amor?

Um dos pilares do catolicismo (falo isso porque é a religião que conheço melhor) é o amor. O mandamento de Cristo é simples e objetivo: Amai uns aos outros assim como vos amei. Será que isso o que falta em nossa sociedade? Será algo tão simples que poderia concertar muitos problemas? Percebo no dia-a-dia que mudo muito o meu comportamento: discusões, ações impessadas, .... Eu trocaria o amor por algo mais simples: respeito ao seu semelhante com a ti próprio. Se isso realmente acontecesse, acredito que muitos desastres poderiam ser evitados. Mas o que percebo, é um inversão total de valores: vença um Big Brother e será feliz, trapaceia, ignore, venda seu corpo, e será feliz. Honesto, é ser otário, pra que trabalhar, pra que estudar? Estou enganado, ou é isso que acontece na nossa sociedade como um todo?


Felipe Moraes Anéas

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