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Cartas do dia 09.03.2007

Confusão entre "libertário" e "liberal"

No artigo "As complexidades da política norte-americana", o autor cometeu um erro gravíssimo ao listar libertários entre os "liberais" americanos. Os libertários americanos são absolutamente opostos ao "big goverment". O partido é contra cotas raciais, a favor do porte de armas, da privatização dos sistemas de ensino, previdência e saúde e sim, também da liberação do aborto, da prostituição e das drogas. Libertários são liberais econômicos radicais, em uma posição de oposição tanto ao Partido Democrata quanto ao Republicano. O que torna o erro do autor mais grave é o fato que a maior parte dos libertários prefere se alinhar aos republicanos. Existe até o termo "Republitarian", que define um libertário que vota no partido majoritário por razões práticas. Eu entendo perfeitamente que, filosoficamente falando, os libertários estão mais próximos dos comunistas que dos conservadores. Ambos têm origem no racional-iluminismo, ainda que o esquerdismo tenha tomado conotação de religião: eles evitam pensamentos "de direita" como se fossem pecados, falta de fé. Sentem-se "impuros" quando têm certo tipo de idéia. Pessoalmente, estou em algum lugar entre o libertarianismo e o conservadorismo leigo. Reconheço a importância dos valores e a existência do mal, apenas estou convicto que não é função do Estado interferir nisso.


Fábio Marton

Prezado Fabio:

 

O erro "gravíssimo" que eu cometi foi falar da realidade da ideologia dos libertários sem compará-la com a aparência de conservadorismo a que você se refere. Eles geralmente votam em seu próprio partido, o inexpressivo Libertarian Party. Na aparência, sim, os libertários até às vezes votam nos republicanos "por razões práticas", mas as exigências que fazem para a coalizão com os conservadores são inaceitáveis, como você mesmo se refere: a liberação do aborto, da prostituição e das drogas, todas ligadas à ideologia liberal. Os libertários são os mais hipócritas do espectro político norte-americano: aproveitam-se para existir em função da proteção do Estado que dizem abominar. O dia que que este acabar (dia de São Nunca, certamente, e eles sabem disto!) eles trucidariam uns aos outros. A grande confusão em que você se encontra faz com que se sinta "em algum lugar entre o libertarianismo e o conservadorismo leigo".

Heitor De Paola

 

 

Artigo: "As complexidades da política norte-americana"

Brilhante e muito oportuna a exposição feita por Heitor de Paola sobre a decadência moral do ocidente. Entretanto, esse fator tão crucial para entender os fatos de nossa época é não apenas negligenciado pelos políticos e pela mídia de massas, mas chega a ser negado e ridicularizado. Parabéns aos que têm a coragem de afirmar essas verdades e "nadar contra a correnteza"!


André E. G. da Silva






Sugestão

Bom dia!

No artigo "As complexidades da política norte-americana", por Heitor De Paola em 09 de março de 2007, o autor escreve: "....Por isto, cada vez que um de nós do Mídia Sem Máscara refere-se a estes termos tem que esclarecer os leitores sobre seu real significado. De minha parte esta será a última vez. ...."Sou leitora recente do site Mídia Sem Máscara e, caso o Sr. Heitor de Paola não esclarecesse certos conceitos em seu artigo de hoje, eu correria o risco de ficar "a ver navios". Minha sugestão é que o Mídia Sem Máscara crie um glossário de termos e conceitos geralmente aceitos pelos articulistas do site. Isso beneficiaria não só os leitores, mas pouparia os autores de terem que se repetir. Toda vez que aparecesse um dos conceitos constantes do glossário, um hyperlink no texto remeteria automaticamente à explicação no glossário. Fico torcendo para que a sugestão seja aceita.

Abraços de uma leitora entusiasmada!


Renate Schinke






Sobre a carta de Hermés de Azevedo

Hermés de Azevedo, em sua bem elaborada carta sobre Mário Ferreira dos Santos e seu livro "Cristianismo a religião do homem", citam-se as virtudes do homem de bem. Assim, faço referência a um excelente livro do tomista Josef Pieper, "As virtudes fundamentais", que amplia e aprofunda a noção cristã de virtude citadas pelo filósofo brasileiro: a Prudência (mãe das demais), a Justiça, a Fortaleza e a Temperança. Em conjunto elas formam a estrutura capaz de vencer: a gula, a cobiça, a acídia (visão ampliada da preguiça, e na minha opinião o pecado mais grave do brasileiro típico), a vaidade, a luxúria, a inveja e a ira. "Virtudes fundamentais" é um livro tão bom quanto raro.


Cícero de Melo Lucas






Artigo Heitor de Paula 09/03

Muito interessante esse artigo e realmente plantou uma dúvida em minha cabeça. Os argumentos são muito forte e um debate nesse sentido é extremamente necessário.

Parabéns ao autor.


Pablo Vilarnovo






Proteção a Bush funcionou. E a nossa, poderia ser parecida?

Boa tarde, trabalho ao lado do hotel Hilton, onde o presidente Bush está hospedado. Há um grande número de soldados e policiais (algo que não se vê há muito tempo na redondeza, cerca de bandidinhos e trombadinhas). Vi uma bateria antiaérea passando a minha frente em direção a Guarulhos. Policiais Civis com fuzis e metralhadoras israelenses. Concordo que o presidente americano precise dessa proteção, afinal o vice dele quase morreu semanas atrás no Afeganistão, e eles sabem muito bem que tem gente disposta a matar o Bush em qualquer lugar do mundo. A pergunta que fica, dentro de alguns dias ele e sua comitiva embarcarão para outro país, e nós, não merecemos a mesma proteção contra bandidos brasileiros? Por que não cercar as favelas de todas as cidades brasileiras, e acabar com os traficantes, empenhar para fechar a fronteira com a Bolívia, Paraguai e os demais países? Por que não aparelhamos policiais com armas pesadas, pagarmos melhores salários aos policiais e militares e empenharmos pela luta contra os traficantes, assassinos? E a outra e crucial pergunta: vocês acham que o Brasil está sem rumo, quer dizer, há alguma maneira de mudar o panorama social ?

Obrigado pela oportunidade em escrever.


Felipe Moraes Anéas

Prezado Sr. Felipe:

O ponto é exatamente este: os cidadãos brasileiros estão entregues à própria sorte. A grande mídia está muito mais preocupada em demonstrar como o presidente dos EUA está recebendo todo um tratamento privilegiado, só que não vai ao cerne da questão: porque o mesmo não é feito com os cidadãos de bem do país? Não é feito porque o "governo popular", e todos os fetiches que dão sustentação ao politicamente correto e que já existem há bastante tempo, simplesmente ignoram as necessidades dos cidadãos, segurança dentre elas.

O cidadão honesto no Brasil serve apenas para pagar impostos, agüentar jornalistas vigaristas escrevendo e falando sandices na mídia dia e noite e suportar tudo calado, enquanto meia dúzia de privilegiados, sustentados com dinheiro público, dão lições de moral e tentam desesperadamente provar que a culpa de tudo, no final das contas, ou é dos EUA, das "elites brasileiras" – da qual eles próprios fazem parte – ou da sociedade.

Quanto aos mensalões, corrupção, filhos de presidente envolvidos em esquemas nebulosos, órgãos de mídia metidos em esquemas de poder, etc.etc., bem, isso não interessa. O brasileiro médio prefere acreditar piamente que tudo que lhe acontece de ruim é sempre culpa de uma entidade sobrenatural ou de uma conspiração internacional. Assim, é muito mais fácil fugir de responsabilidades e se conformar com as tragédias que o cercam.

Atenciosamente,

Editoria MÍDIA SEM MÁSCARA.




Bush go home?

Evo Morales - tão querido no Brasil - ocupou com tropas militares a subsidiária da Petrobrás na Bolívia e, num surto de prepotência, quebrou o contrato firmado, decretando em seguida a nacionalização da empresa, subtraindo do Brasil algo em torno de um milhão e oitocentos mil reais em ativos fixos. Logo depois, numa determinada reunião de cúpula no exterior, acusou a Petrobrás de maneira caluinosa de ser sonegadora de impostos lá no país dele. Criou também uma empresa de prospecção de gás em assossiação com Hugo Chavez, atropelando o acordo que tinha feito com o Brasil. Seguindo em frente, disse que o Estado do Acre foi roubado da Bolívia. Por último, aumentou o preço da flatulência produzida pelas entranhas do país dele em 300%; e não tem a menor intenção de esconder que prefere Chavez a Lula, e diz isso na cara de pau a seu padrinho molusco. Apesar de tudo isso, a lenda de que Morales é amigo do Brasil se alastrou entre o povo, inclusive entre os analfabetos, que acreditam piamente que o danado é amigo nosso. George Walker Bush entretanto - inimicíssimo do Brasil, que chega a babar de ódio quando vê algo que lembre o mais mínimo verde-louro dessa flâmula - chega ao país com a proposta de comprar a única tecnologia da qual o Brasil pode se orgulhar. Obviamente que fomentará a produção, os empregos, as rendas, impostos nas três esferas e com isso quem sabe o Brasil saísse um pouco do eterno marasmo econômico em que está mergulhado. Para não se perder a viagem, imediatamente a mídia nacional sai vociferando que Bush "está de olho no nosso álcool", que a "cobiça" americana agora volta-se contra nós. Todavia, apesar de tudo isso, e de todos esses percalços estou otimista, acho que o presidente americano tem tudo para sair daqui estimulado: basta o ex-ébrio caucasiano sentir o cheiro da cana exalando da boca do molusco que o contrato estará mais do que firmado. Só espero que o pobre (pobre?) presidente americano não tenha uma recaída e caia em tentação. É esperar para ver.


Antônio Carlos de Oliveira






Requião de saia justa

Pelo menos alguém "nestepaiz" entendeu que o Chaves é um pulha e o seu Requião seu filhote.


Arno Norbert

 

Complexidade da política norte-americana


Como ainda não aprendi a ler um texto com total anuência, permaneço contestando o autor. E replicava internamente: "A luta contra o paganismo dos radicais islâmicos é apenas pretexto para a instalação e expansão de sua teocracia fundamentalista no ocidente."A questão, no entanto, é mais profunda como a salienta Heitor de Paola: seria o islamismo intrinsecamente incompatível com a democracia, independentemente de suas correntes internas? Como o marxismo, seria uma utopia contraditória em si, teorica e praticamente? Mesmo que a estas perguntas tenhamos que responder "sim", permanece, entretanto, o dever de lutar pelo fortalecimento da cultura judaico-cristã. Não para buscar simpatia dos muçulmanos moderados. Por uma questão de sobrevivência da civilização, da objetividade dos valores. O relativismo é o grande mal. Se isso vincula cristãos e muçulmanos, unamo-nos, ao menos estrategicamente, contra o inimigo comum. Do contrário sermos tragados: ou pelo secularismo neo-marxista, ou pelo fundamentalismo islâmico. Penso que o primeiro é mais perigo, por ser mais dissimulado, versátil.

Lincoln Meireles Tomaz

Prezado Lincoln

Eu sempre pensei como você o que poderá ser comprovado pelos meus artigos sobre aqui no MSM discordando do Olavo e do Caio Rossi. No entanto, os argumentos do D'Souza soam com muito sentido. O Islam existe desde 622 D.C. e, se no início se expandiu através de guerras - algumas sangrentas - e até possuía seitas terroristas como os hashixim - houve depois um refluxo da violência e os cristãos eram até bem recebidos nos países islâmicos (com os judeus e coptas a situação é diferente e oportunamente as abordarei nestas páginas). Só há pouco mais de cem anos voltou a haver a radicalização e concordo que para os radicais islâmicos não passa de pretexto para aliciar os religiosos moderados.

Mas o que D'Souza aponta não são as razões dos muçulmanos mas as fraquezas ocidentais: não é espantar que ainda possuindo o maior poderio bélico do mundo o Ocidente já esteja quase de joelhos frente a eles? Imagine quando o Irã possuir a bomba nuclear e o vetor para lançá-la!

A falta de comprensão deste fenômeno é o legado estúpido da historiografia marxista, e que também é seguido pela maioria dos liberais e libertários, de que a história é movida apenas por interesses materiais, deixando de lado os aspectos religiosos e morais como "superestruturas" derivadas das condições materiais de existência. Estamos tendo que aprender da maneira mais difícil que isto é balela, o que move o mundo são as idéias e crenças, a coesão (ou falta de) familiar, etc. e que são estas que determinam as condições materiais - e que Marx não passava de um charlatão da pior espécie. Isto se ainda tivermos tempo!

Sugiro que você escute a entrevista do D'Souza no link enviado (são 3 horas mas vale a pena) e leia o último artigo do Olavo sobre a islamização do Ocidente.

Grato pelo comentáio,

Um abraço

Heitor De Paola

   
   
   
   
Lula e a punição aos fetos

"O Governo Federal se empenhará na agenda legislativa que contemple as demandas desses segmentos da sociedade, como o Estatuto da Igualdade Racial, a descriminalização do aborto e a criminalização da homofobia� - parte do documento feito pelo Governo PT intitulado"Diretrizes para a Elaboração do Programa de Governo do Partido dos Trabalhadores", transcrita no artigo "Lula e a punição aos fetos" de Percival Puggina ."Portanto, após toda essa longa militância em favor do aborto, ou seja, do assassinato de fetos, atinge as raias do cinismo usar uma suposta punição aos fetos como limite máximo a que poderiam chegar os defensores da redução da maioridade penal. Pergunto: não são exatamente Lula e os seus companheiros que os estão sentenciando à morte, aos milhares, com as portarias já em vigor e com seus projetos de liberação do aborto?" - Frase retirada do artigo "Lula e a punição aos fetos" de Percival Puggina.Puggina... eu até ia escrever muitas coisas aqui, mas depois de olhar seu site puggina.org compreendi tudo. Não coloque questões religiosas junto com questões políticas, isso vem sendo feito há muito temo por essas bandas, pelos católicos e agora pelos crentes e o povo não merece isso ok? Pegar frases soltas proferidas pelo nosso limitado presidente e usá-las para pregar puritanismo cristão não é uma coisa legal... Quanto à primeira parte do texto, que coloquei ali em cima, acho absolutamente corretas as medidas sugeridas, pois ser humano é ser humano, não importa raça ou opção sexual; e o aborto em alguns casos tem que ser legalizado mesmo, vamos parar de puritanismo hipócrita ok? Vamos ser realistas! Vai sr melhor para a sociedade do que se esconder atrás de valores irrefutáveis de bom cristão. Quanto à segunda parte do texto que coloquei aqui lá em cima nem preciso dizer nada né...

Mônica Salgueiro

Dona Mônica

Tenho certeza de que a senhora não compreenderá jamais o totalitarismo e a incongruência explícitos em sua mensagem. Segundo o que afirmou, o fato de eu ser cristão me deveria condenar ao ostracismo, ao silêncio absoluto e à impossibilidade de participar da vida social. Tenho que enfiar minha viola no saco para que somente pessoas como a senhora, despidas de conceitos religiosos (algo como apenas 5% da população brasileira) ditem as regras a que se deve submeter o conjunto da sociedade. Muito conveniente, já se vê. Não por acaso, esses escassos 5% têm opiniões bastante convergentes a respeito do aborto e usam as expressões "realismo" para o defender e "puritanismo" para atacar quem a ele se opõe. É claro que as vítimas desse "realismo", ou seja, os fetos, discordariam da senhora com a mesma veemência com que resistem ao sugador que as retira, aos pedaços, dos úteros maternos. Quanto ao "puritanismo", soa como rejeição própria de quem renunciou às virtudes. Questão de gosto.

Atentamente

Percival Puggina

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