Blogia
cartasmidiasemmascara

Cartas do dia 27.01.2007

Posição ideológica

Senhor Heitor De Paola gostaria de saber qual a sua posição política atual.Na sua mini-biografia diz que o senhor já foi militante de um movimento comunista, isso me faz pensar que o senhor ainda tem a ótica marxista, estou enganado?

Abraços.

Guilherme Vinicius Magalhães

Prezado Guilherme

É claro que "ainda tenho a ótica marxista" pois fui muito bem treinado nela. O fato de ter reconhecido a falsidade desta visão não me fez abandoná-la mas, pelo contrário, passar a usá-la para entender aqueles que hoje considero inimigos. Já o próprio fato de considerá-los inimigos e não apenas adversários - ou gente que pensa diferente - tem-me valido não poucas críticas da parte de quem "não conhece da missa a metade".

Sou capaz de "farejar" uma idéia comunista muito antes do que aqueles para quem ela é totalmente estranha - e isto soa, às vezes - como exagero. Os ingleses têm um ditado: to make the best of a bad job!

Atenciosamente,

Heitor De Paola




Livros recomendados

Prezados Amigos,

Creio que os seguintes livros, salvo uma avaliação mais criteriosa, também poderiam constar de sua lista, a saber:

1. A lanterna na popa - Roberto Campos;

2. A revolução dos bichos - George Orwell;

3. 1984 - George Orwell; e

4. O marxismo de Marx - Raymond Aron. No mais, um grande abraço e o desejo de um sucesso crescente na divulgação da Verdade, meta fundamental dos homens de caráter.

Cezar Zoghbi





Monarquia

Eu sinceramente não sei se há solução para isso, mas o fato é que o Brasil tem cabeça monárquica, seja lá pela malfadada cultura ibérica ou pela forma como se deu a independência. A República foi só uma quartelada positivista, uma experiência social meio que sem sentido, porque não era um absolutismo que combatiam, mas uma monarquia constitucional e, graças à cabeça arejada de D. Pedro II, democrática. Me parece um dos piores erros da história do país, porque o povo monarquista vê um imperador, a figura das benesses, a grande figura simbólica, no presidente, que é apenas um funcionário público. São todos servos do Estado. Um rei, uma figura sem poderes mas cheia de simbologia, faria um Estado de servos, ou seja, o primeiro-ministro seria um igual e o rei, enfim, reinaria, não governaria. O Brasil teria sido melhor sem a República, não tenho dúvidas. Só não sou monarquista porque acho que agora o estrago já está feito e a família real está distante demais para ter a simbologia necessária.Um assunto para ser abordado, que é incipiente a mim mesmo, são as figuras opostas na memória do país, D. Pedro II e Vargas. O rei cosmopolita e liberal, com poderes, mas que queria ser simbólico, e o ditador estatista, populista e nacionalista, que se fazia de messias. A esquerda, vejam só, não gosta do primeiro e ama o segundo.

Cordialmente,

Fabio Marton

0 comentarios