Blogia
cartasmidiasemmascara

Carta do dia 09.07.2006

Veja, revista neo-liberal?


Abaixo, uma cópia do email que enviei à revista Veja para publicação na seção Cartas dos Leitores. O tema é importante. Entre as 24 cartas comentando a matéria "Os Santos do Capitalismo", foram publicadas apenas três, todas com teor idêntico à matéria, sendo que uma delas ostentava o mesmo absurdo por mim denunciado (veja abaixo). Transcrição da carta:

A matéria "Os Santos do Capitalismo", assinada por Marcio Aith e Giuliano Guandalini, é surpreendente. À primeira vista, o texto apresenta tom sóbrio e realista, especialmente por apresentar um conteúdo explicitamente anti-comunista e pró capitalista. No entanto, o texto se ergue sobre uma concepção incrivelmente equivocada e anti-capitalista por excelência. Os autores, já no subtítulo, enfatizam um benefício notável do capitalismo moderno: a devolução das riquezas à sociedade na forma das mega-doações. Aith e Guandalini empregam esse termo: devolução. Ora, se é devolução, então a riqueza acumulada pelas empresas não pertence às empresas. Esta conclusão é incontornável e se esquivar dela é o mesmo que negar que 2 + 2 = 4. Nesta concepção,a riqueza é gerada através de apropriação, mediante a exploraçãodo homem pelo homem. Isto é o pressuposto fundamental de todo opensamento esquerdista. Trata-se de uma estupidez aguda, obviamente. Os autores se consideram modernos e pró-capitalistas, mas estão confinados ao universo esquerda-limonada de décadas atrás. Isto é patético e ao mesmo tempo desolador. Um fato interessante deve ser mencionado. A Fundação Bill & Melinda Gates apresenta uma linha de atuação muito próxima das fortunas e personalidades afinadas com o projeto globalista. O próprio Rockefeller é um membro honorário do Council of Foreign Relations, um fórum de debates e discussões abertamente globalista. A causa globalista é contrária aos interesses americanos, é anti-capitalista, tomando o capitalismo no sentido amplo do termo, abrangendo seus aspectos morais e históricos. Essa discussão não existe na grande mídia nacional, mas é abundante nos EUA e não deveria ser ignorada por jornalistas gabaritados de Veja. Ou deveria?
 

Guilherme de Berredo Peixoto

0 comentarios