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Carta do dia 17.04.2005

Jabor no Roda Viva

Sr. José Nivaldo Cordeiro. Li seu artigo acima em MSM. Gostaria de saber a sua opinião mais específica sobre o estado de insugurança no Rio e no Brasil? O Sr. extornou que na época do regime militar a situação era melhor, por exemplo. Estamos pior? Parece que os números indicam neste direcionamento, pelo menos a mídia enfatiza que quase tudo piorou.

Na minha visão, o Brasil vive plano de governo imposto pelos credores da dívida, com anuência da nossa elite dirigente, desde os desligamento de Portugal em 1822. Nós assumimos a dívida de Portugal junto à Inglaterra para sermos mais dependentes dos negócios estrangeiros.

O Governo Lula não mudou nada neste sentido. Este Governo tem sua espicificidade, mas é um dos maiores cumpridores da metas impostas pelos países credores, via FMI. Geramos riquezas, mas ela é apropriada não pelo povo brasileiro (operários e empresários).

Lula é também um grande, ou talvez, o maior cumpridor de metas impostas por esses credores (superávit primário e pagamento do serviço da dívida).

Sr. José Nivaldo, quero saber por que o desarmamento protagonizado pelo Governo é motivo de mais violência ou isto é só mais um detalhe no contexto geral?
Francisco Alves Filho

Caro Francisco,

Atribuo os problemas de segurança pública a duas ordens de fatores. Em primeiro lugar, ao descenso moral que vivemos, com o declínio dos valores cristãos, levando muita gente pelo caminho da facilidade para obter riquezas, desprezando o trabalho honesto. Daí a prosperidade do tráfico de drogas, do crime organizado e do crime "avulso" que vemos a toda hora. Os homicídios derivam diretamente dessa situação. Em segundo lugar, por causa da leniência dos governantes, que se recusam a fazer prevalecer a autoridade de que estão investidos. Pega mal polícia matar bandido, percebe? Os governadores morrem de medo da imprensa vermelha, especialmente depois dos episódios de Eldorado dos Carajás e do Carandiru. Os oficiais e soldados que participaram das ações ficaram órfãos, com o acovardamento dos seus chefes e a condenação antecipada pela mídia, que se traduzu, mais das vezes, em condenações injustas na esfera judicial. Na época do regime militar nada disso acontecia; polícia era polícia, bandido era bandido e as coisas não se misturavam. E o nível moral do conjunto da sociedade era bem superior.

A questão da dívida pública está desfocada. O Brasil se endividou por ato voluntário de governo. Os governos querem queimar etapas e não recusam empréstimos, valendo o raciocínio tanto para a dívida externa quanto para a interna. Só que dívida tem juros e precisam ser pagos. Não vale é tomar emprestado e depois dar calote. É desonroso. Os culpados pela dívida e pelos juros são os nossos (maus) governantes.

O desarmamento civil tem uma dimensão prática e uma dimensão política. Prática, porque torna os bons cidadãos vítimas fáceis dos vagabundos, que não precisam de licença do Estado para se armar, inclusive com armas de guerra (metralhadoras, fuzis, granadas). Eu tenho armas e para tê-las paguei caro, tive que esperar para receber o registro, que também é muito caro. Um homem mais pobre não pode se armar legalmente. Pergunto: a quem aproveita a população desarmada? Lembro que meu pai sempre andou armado e nunca se envolveu com violência por isso, mas era respeitado pois todos sabiam que manejava armas muito bem. Nossa casa nunca foi assaltada e a família nunca foi desrespeitada.

Mas a esquerda no poder tem como projeto desarmar a população, pois em um eventual conflito político que envolva golpe de Estado (ditadura do proletariado) a população não terá como reagir contra os comissários do povo. Eles estão pouco ligando para a questão da criminalidade, pois seu projeto é político e de longo prazo. Desarmar os cidadãos é seu programa de ação em todos os países em que sua ideologia prevalece. É um atentado contra a cidadania, contra o direito de auto-defesa, é tratar homens e mulheres adultos como se fossem crianças.


Cordialmente, Nivaldo.

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